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domingo, 2 de abril de 2017

PROJETO DO IPHAN NÃO SAIU DO PAPEL EM CAMOCIM CEARÁ.

FONTE:DN/REGIONAL/JC


O projeto Barcos do Brasil tem como objetivo promover a preservação e a valorização das embarcações tradicionais brasileiras, reunindo entidades públicas e privadas e outros interessados no patrimônio naval brasileiro ( Foto: Vando Arcanjo )
A imagem dos 'barcos bastardos' ancorados em Camocim e a força de sua história para a formação do lugar chamou a atenção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que iniciou, em 2010, levantamentos para que o município fosse o primeiro do Ceará a receber a classificação de Paisagem Natural.
À época, o Instituto informou que não havia uma data para o resultado do levantamento, mas adiantou que a chancela do IPHAN poderia contribuir para o município receber investimentos do poder público, trazendo benefícios à população, principalmente os pescadores, que se utilizam diretamente da área.
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O conjunto de barcos foi considerado o maior porto urbano de velas do mundo pelo velejador brasileiro Amir Klink, que fez parte da comitiva do Instituto, tendo visitado o município no ano de 2012. Mas, apesar das reuniões entre representantes do IPHAN e do município, entre eles, membros das secretarias do Turismo, da Cultura e do Desenvolvimento Sustentável, o projeto não vingou.

De acordo com Igor Soares, historiador do IPHAN, "os trabalhos desenvolvidos pelo Instituto em Camocim foram relacionados a três pontos: ao tombamento do complexo ferro-portuário; o empreendimento de estudo a fim de se chancelar a paisagem de Camocim, que envolvia a relação do complexo ferro-portuário, a produção artesanal dos botes bastardos e uma vasta área natural; e a possibilidade de comprar e de construir um bote bastardo em praça pública, a fim de fomentar o interesse por tal embarcação. O único trabalho que foi à frente, porém, foi o estudo para tombamento do complexo ferroviário da cidade, o qual finalizamos, e agora estamos fazendo algumas correções que nos foram solicitadas pelo Departamento de Patrimônio Material do IPHAN", afirma.
Sobre os botes bastardos, o historiador diz que, "à época, essa possibilidade foi suscitada pelo então Diretor do Departamento de Patrimônio Material do IPHAN, Dalmo Vieira Filho, a partir de informações e considerações prestadas pelo Amir Klink, em visita ao Ceará. Não fizemos ainda um estudo aprofundado sobre essas embarcações. Há algum material em nossa biblioteca produzido por uma consultora que visitou Camocim e produziu um relatório para o projeto Barcos do Brasil", disse.
Lançado pelo IPHAN em 2008, o projeto Barcos do Brasil tem como objetivo promover a preservação e a valorização das embarcações tradicionais brasileiras. O projeto visa reunir entidades públicas e privadas e demais interessados no mar e no patrimônio naval brasileiro para localizar, cadastrar, proteger e valorizar os barcos tradicionais e seus contextos culturais, proporcionando meios de ampliar a qualidade de vida dos usuários e detentores desse patrimônio, como marinheiros, pescadores, mestres construtores e seus auxiliares.
Entre as ações a serem realizadas, estão o inventário e diagnóstico do patrimônio naval no Brasil, o monitoramento e a conservação das principais embarcações, a construção de barcos tradicionais em locais públicos, o desenvolvimento de programas para conservação e manutenção dos barcos tradicionais e a criação de unidades regionais vinculadas Museu Nacional do Mar.
Força
De acordo com Francisco Xavier Filho, presidente da Colônia de Pesca de Camocim, que atende cerca de 2.000 pescadores, "a pesca extrativista está fadada ao fracasso em todo o mundo. A cada dia que passa, os estoques vão diminuindo, aqui na cidade. Isso ocorrendo, a construção dessas embarcações vai perdendo força como manutenção de emprego e renda. A grande maioria das embarcações construídas em Camocim é aquela sem convés (canoas). Mas, aqui, ainda produzimos a lancha; a jangada; a baiteira, o bote e, um ou outro, barco industrial. Durante a visita do IPHAN acreditamos que a parceria com o município poderia ter saído do papel, mas isso não ocorreu. É uma pena, pois se percorrermos a costa do Brasil, o local com maior concentração de canoas é aqui em Camocim. E isso tem que ser preservado de alguma forma", afirma Francisco Xavier Filho.

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