Ser concebido, nascer e crescer deveria ser percurso que se sucede naturalmente: mas para 15% das gestantes cearenses, os caminhos são mais tortuosos, e quase nunca findam bem. Dos cerca de 130 mil partos anuais no Ceará, de acordo com a Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia (Socego), aproximadamente 80 resultam na morte das mães: índice que representa o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Com o objetivo de reduzir as taxas de mortalidade materna e neonatal, o Governo do Estado lançou, ontem, o Programa Nascer no Ceará, que inclui o uso de um aplicativo para mapear as gestações de risco nos municípios.
Por meio da ferramenta, disponível para dispositivos móveis, os municípios deverão garantir o cadastro de "100% das gestantes do Estado", identificando as gestações de risco à mãe, ao bebê ou a ambos - as quais, de acordo com o titular da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Henrique Javi, são "a maior fragilidade do Estado". "Após mapear, o objetivo é garantir o acesso das mulheres a exames e vacinas, e a vinculação delas ao local de parto. É inadmissível que uma mãe ultrapasse a metade da gestação sem saber onde vai parir", destaca.