- São Paulo
Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil
A adoção do teletrabalho em larga escala ainda depende de mudanças culturais tanto das empresas e demais empregadores quanto dos gestores públicos, segundo os especialistas que participaram hoje (16) em audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo. Um grupo de trabalho vem elaborando o texto com incentivos para o trabalho a distância, e deverá divulgar a primeira versão no final de junho.
“Existe muito na cabeça do gestor achar que, para o cara trabalhar a distância, tem que ficar olhando para ver se ele está trabalhando”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), Cléo Carneiro, sobre hábitos que precisam ser superados.
Carneiro destacou que são muitos os benefícios adquiridos no caso de trabalho em casa ou a partir de espaços mais próximos das residências, como escritórios coletivos de trabalho (coworking). “As pesquisas mostram que por essas razões a produtividade aumenta”, ressaltou.
Pesquisa divulgada em 2017 pela organização não governamental Nossa São Paulo mostrou que 34% dos residentes na cidade de São Paulo gastam entre 1 e 2 horas para se descolar de casa para o trabalho. A média dos deslocamentos diários ficou em 2h02 para os que usam carro e de 2h11 para os passageiros do transporte público. Entre os entrevistados, 17% disseram que estudam ou trabalham em casa.
Para o presidente da Sobratt, a melhora no desempenho dos trabalhadores está diretamente ligada aos ganhos de qualidade de vida. “Melhoria da qualidade de vida das pessoas, através da eliminação do tempo de deslocamento, eliminação do stress do trânsito, aumento do tempo para se dedicar à família, desenvolvimento profissional”, disse, ao relacionar o trabalho remoto a uma redução dos congestionamentos nas grandes cidades.