Hoje a maioria da humanidade vive crucificada pela miséria, pela fome, pela escassez de água potável e pelo desemprego. Crucificada está também a natureza devastada pela cobiça industrialista que se recusa a aceitar limites. Crucificada está a Mãe Terra, exaurida a ponto de ter perdido seu equilíbrio interno que se mostra pelo aquecimento global.
Um olhar religioso e cristão vê o próprio Cristo presente em todos estes crucificados. Pelo fato de ter assumido totalmente nossa realidade humana e cósmica, ele sofre com todos os sofredores. A floresta que é derrubada pela motosserra significa golpes em seu corpo. Nos ecossistemas dizimados e pelas águas poluídas, ele continua sangrando. A encarnação do Filho de Deus estabeleceu uma misteriosa solidariedade de vida e de destino com tudo o que ele assumiu, nossa inteira humanidade, a natureza e tudo o que ela pressupõe em sua base físico-química e ecológica.
O evangelho mais antigo, o de São Marcos, narra com palavras terríveis a morte de Jesus. Abandonado por todos, no alto da cruz, se sente também abandonado pelo Pai de bondade e de misericórdia. Jesus grita:
“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? E dando um forte brado, Jesus expirou (Mc 15,34.37).