Mt 17,22-27
1. “Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Mt enfatiza Jerusalém como o lugar da realização salvífica e coloca alguns pontos teologicamente importantes para se entender o verdadeiro Messias, sua missão, condição de vida, entendimentos dos discípulos e exigências missionárias. Na base do texto, está o anúncio da paixão de Jesus. Nos sinóticos, por cinco vezes aparece o anúncio da paixão do Senhor, alguns mais desenvolvidos e outros mais breves, por exemplo: Mc 8,31-33; 9,30-32; e 10,32-34 (anúncios mais desenvolvidos) e Mc 9,9; Mt 17,9, - no final da narrativa da transfiguração - bem como Mc 14,41; Mt 26,45 –- e Lc 9,44 (breves) – no contexto do Getsêmani. “E os discípulos ficaram muito tristes”. Certamente, pois não estavam ainda preparados. Eles acreditavam num messias que poderia restaurar Israel politicamente, um messias poderoso. Aquele discurso de “morte” de Jesus não lhes agradava.
2. “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”. Antes de tudo, nesse texto enfatiza-se a filiação de Jesus. Ele é o Filho do Senhor do Templo e tem plena consciência disso. Além disso, com essa pergunta tem-se início o discurso sobre a verdadeira liberdade. Quem é livre? Quem paga imposto não possui liberdade. Somente os filhos são livres. Os poderosos não querem uma sociedade filial, mas subordinada aos seus interesses econômicos. Mesmo sendo da mesma sociedade, são todos estranhos. Jesus traz consigo a possibilidade do retorno à casa do Pai, lugar da filiação. Todos são chamados a serem filhos através do Filho, chamados à herança. Pois bem, Jesus, reivindicando a filiação DELE, em particular, e a dos discípulos, por causa DELE, quer que nem Ele e nem seus discípulos entrem na regra geral dos impostos, que não sejam submetidos a essa obrigação pelo fato mesmo de serem filhos do Senhor do Templo.