Jardim. Debaixo de uma sombra, cinco crianças se reúnem para roer o pequi ainda cru. Um balde separa os melhores. "Tem uns que são amargos, mas tem os docinhos, que são gostosos", adverte uma das meninas. Na Chapada do Araripe, o fruto se destaca por ser consumido por muitos moradores do Cariri cearense, seja no baião de dois, feijão ou na "pequizada". A safra, que termina em maio, faz dezenas de famílias se mudarem para a serra por, pelo menos, três meses. Desta concentração, surgiu a Vila Barreiro Novo, entre Barbalha e Jardim, nas margens da CE-060, ao lado da Floresta Nacional (Flona) do Araripe.
É do pequi que os extrativistas tiram a maior parte do sustento para o restante do ano. No entanto, em 2018 a safra começou mais tarde, em janeiro, e terminará também. Ainda é possível encontrar muito fruto até maio. Na Vila Barreiro Novo, que possui 44 casas, 10 famílias permanecem às margens da rodovia vendendo o pequi. Metade já "desceu" para o Sítio Cacimbas, distrito de Novo Horizonte, em Jardim, local que concentra grande parte dos catadores.