“As pessoas sentem que estão sendo deixadas para trás pela velocidade das mudanças econômicas, sociais e culturais nos EUA e acreditam que não têm um lugar na mesa em que as decisões são tomadas”, disse Tom Russall, um vendedor de 23 anos que aguardava o resultado da apuração em frente ao quartel general montado pela campanha de Trump em Nova York.
Na medida em que a contagem avançava, aumentava o público no local e diminuía o que estava reunido em um centro de convenções de Nova York para a frustrada festa de celebração da vitória de Hillary. Na calçada em frente ao hotel em que o candidato estava, seus seguidores gritavam “USA, USA” e “lock her up”, o grito de guerra usado na campanha para pedir a prisão da democrata. Cerca de 30 minutos antes de a confirmação da vitória de Trump, o diretor de campanha de Hillary, John Podesta, discursou para os apoiadores da democrata que acompanham a votação no QG montado em Manhattan e afirmou que ela não faria nenhum discurso na madrugada (manhã de quarta, em Brasília). “Não teremos nada para dizer nesta noite. Então me escutem: todos deveriam ir para casa e dormir. Teremos mais para falar amanhã”, disse Podesta.
“Nós precisamos de um líder forte”, disse Mitch Pilcer, um americano-israelense que carregava uma bandeira de Israel. “As políticas democratas para o Oriente Médio provocaram instabilidade e uma onda de refugiados. ”Desde o início da campanha eleitoral, Trump apresentou uma visão dos EUA como um país decadente, invadido por imigrantes e refugiados, mergulhado na violência e humilhado no exterior por aliados e adversários. O bilionário cultivou a imagem de um líder forte, representante da “lei e da ordem”, com poder de resolver sozinho os problemas do país.
O resultado da eleição revelou profundas divisões na sociedade americana. As pequenas cidades do interior votaram em massa para Trump, enquanto os grandes centros urbanos mantiveram a fidelidade ao Partido Democrata. A hostilidade entre eleitores dos dois candidatos atingiu patamares nunca registrados na história recente dos EUA: 96% dos eleitores de Hillary têm uma visão desfavorável de Trump, enquanto 95% dos que votaram no bilionário têm uma imagem negativa da democrata.
Sob o slogan “Tornar a América Grande de Novo”, o bilionário prometeu deportar 11 milhões de imigrantes que vivem de maneira ilegal no país e construir um muro na fronteira com o México. Trump também adotou um discurso populista de rejeição à globalização e a tratados de livre comércio e disse que trará empregos industriais de volta aos EUA com a punição de empresas que transfiram suas linhas de montagem a outros países.
O candidato defendeu o uso da tortura contra suspeitos de terrorismo e chegou a propor a suspensão da entrada nos EUA de praticantes da religião muçulmana. Com ataques frequentes ao politicamente correto, Trump distribuiu ofensas de maneira generalizada durante a campanha, iniciada com a acusação de que os mexicanos que entram no país são estupradores e assassinos e encerrada pouco depois da divulgação de um vídeo no qual diz que pode fazer o que quiser com as mulheres por ser famoso.
Sodagens realizadas nos dias que antecederam a eleição davam uma vantagem de cerca de 3 pontos porcentuais a Hillary em âmbito nacional e projeções realizadas por institutos de pesquisa davam à candidata uma probabilidade de 68% a 98% de chance de ganhar a corrida presidencial.
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