Nova musa aprende o gingado desde setembro de 2016
fonte:o dia
Rio - O enredo da Portela é ‘Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar’. Porém, além do desfile que promete empolgar, o público no Sambódromo vai ficar ouriçado mesmo é quando uma loura de 1,73 m, 64 quilos e encantadores olhos azuis passar requebrando pela Avenida. Juliana Titaeva, de 26 anos, é a passista que veio do frio para botar fogo no Carnaval carioca. Nascida em Moscou, Rússia, a loura se apaixonou pelo nosso Carnaval depois de assistir, em 2011, ao filme ‘Rio’, do cineasta brasileiro Carlos Saldanha, que contava a história da arara-azul Blu, que tem como cenário o Carnaval carioca.
Ela conta que adorou a animação, mas gamou mesmo foi no frenético ritmo do samba. Tanto que trocou a temperatura negativa de 28 graus de Moscou pelos 40 graus do Rio. E os 11,5 mil quilômetros que separam o Rio da gélida capital russa não foram suficientes para mantê-la longe da nossa maior festa popular. A paixão pela Portela surgiu há três anos, quando, no Carnaval de Berlim, Alemanha, ouviu um samba-enredo da escola de Madureira. “Para mim, a Portela é onde o samba começou. É a mais pura raiz. Estou orgulhosa de fazer parte disso”, afirmou.
Juliana apenas ‘arranha’ o idioma. “Não falo português muito bom, mas estou melhorando”, disse ao DIA, prometendo ficar tão bamba na língua quanto no samba até no ano que vem, anunciando que volta. “Ela já está pronta. A russa tem o molejo. Samba melhor do que muita brasileira”, afirma, sem pestanejar, a coordenadora da ala de passistas da Portela, Nilce Fran, que dá aulas para Juliana desde setembro do ano passado.
“Ela chegou à escola por mérito, porque domina a técnica do samba”, garante Nilce, contando que foi ela quem convidou Juliana para integrar a ala das passistas. A russa vai desfilar com 67 portelenses, com uma fantasia que representa o “encanto das águas”. Solteira, Juliana é formada em Análise de Investimentos, mas em Moscou trabalha como relações-públicas.
Na cidade, tratou de conhecer as praias, o Corcovado, o Pão de Açúcar e a Lapa, “que é o coração do Rio”, segundo ela. Mas se encantou de verdade foi com Madureira. “Estou sendo tão bem recebida! O espírito carioca é divino”, se desmancha. Também aprendeu a gostar do nosso tradicional churrasquinho e das frutas nacionais, como o açaí. No entanto, a poucos dias do desfile, tem faltado tempo para passear mais. Ela tem dedicado quatro dias da semana aos ensaios e já se sente segura para encarar a Avenida. “Não estou nervosa. Tenho uma professora maravilhosa”, diz, referindo-se a Nilce. Nos ensaios, consegue até cantar alguns trechos do samba-enredo, mas não o suficiente para uma nota 10. Mas, se depender do gingado e da beleza, essa russa vai parar a Avenida.
Japonesa vai chegar sábado
A russa não é a única da ‘legião estrangeira’ da Portela. “Tem uma japonesa que chega no sábado!”, avisa Nilce Fran, que há 17 anos coordena a ala das passistas da Azul e Branca de Madureira. Filha de uma dos baluartes da escola, Wanderley Francisco, que fez história no Carnaval ao criar a primeira ala de passo marcado dos desfiles, a ‘Ala dos Impossíveis’, Nilce frequenta a Portela desde os 7 anos de idade.
“Comecei a desfilar mesmo aos 10 anos, como porta-bandeira mirim”, conta a professora da arte de dança de samba, de 50 anos. Cabe a Nilce treinar as passistas. E ela garante que as “gringas” não vão deixar a desejar. “Tanto a russa quanto a japonesa têm gingado. Comigo, elas estão apenas se aperfeiçoando”, explica. De acordo com Nilce, a russa Juliana Titaeva já nasceu com o samba nos pés e quadris. “A russa me descobriu pela internet. Mas ela havia tido aulas com uma baiana de Salvador, que vive em Moscou. Então, já chegou com um certo remelexo. Mas precisou dar uma refinada. É uma excelente aluna”, elogia Nilce, que ensaia com Juliana desde setembro. A russa fica no Rio até o dia 5 de março, quando acaba o Carnaval e ela volta para o frio de Moscou.
Mas, até lá, muita água vai rolar. Até mesmo porque o enredo da Portela trata desse líquido precioso. Segundo o colunista Léo Dias, o carnavalesco Paulo Barros vai criar um rio vertical em plena Sapucaí, prometendo que o público vai se “arrepiar ao ver esse rio passar”. A intenção é acabar com a seca de títulos: a Portela não fatura um desde 1984.
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