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domingo, 5 de março de 2017

CENTRO-OESTE DE MG RECEBERÁ OBRAS DE REVITALIZAÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO.


Programa será executado em cidades com sub-bacias do rio.
Formiga, Pains, Nova Serrana e mais 67 municípios estão na lista.

Anna Lúcia SilvaDo G1 Centro-Oeste de Minas

Rio São Francisco Nasce na Serra da Canastra e passa por sete estados (Foto: Anna Lúcia Silva/G1)Sub-bacias do Rio São Francisco receberão obras de revitalização  (Foto: Anna Lúcia Silva/G1)
Mais de cinco cidades do Centro-Oeste mineiro receberão obras de Revitalização das sub-bacias do Rio São Francisco. O cronograma será executado em 70 municípios e, dentre eles estão Pitangui, São Francisco de Paula, Formiga, Pains e Nova Serrana, onde estão localizados importantes afluentes do rio.
De acordo com o superintendente da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Rodrigo Carvalho Fernandes, as obras serão concentradas em cinco etapas, sendo: proteção de nascentes, construção de barriguinhas, terraços e adequação ambiental de estradas rurais. Rodrigo ressalta que as obras não ocorrerão nos cursos do rio e sim nos afluentes que exercem fundametal importância para o volume de água do "Velho Chico".

Canal da transposição desaguando em lago do eixo leste da obra em Pernambuco (Foto: Artur Lira/G1)Canal da transposição do Rio São Francisco em
Pernambuco (Foto: Artur Lira/G1)
“Sabemos que fala-se muito em transposição, mas a revitalização tem que ser feita e pincipalmente em Minas. Não tem quem não se identifique com este rio. Ele está presente em mais de 500 municípios. Entretanto, para Minas Gerais ele tem uma importância ainda maior, pois 70% da quantidade de água do Velho Chico está no estado. É primordial a preservação pensando também na transposição", enfatizou.
As obras foram contabilizadas em R$ 13,5 milhões e contempla a terceira fase de execução do programa de revitalização que abrange várias partes do país. “Além de conservar os recursos hídricos, o velho chico exerce fundamental importância na agricultura irrigada, principalmente na produção de frutas, e aí vem consequentemente a geração de emprego e renda. A parte ambiental é o que mais salta aos olhos, mas a parte social e econômica também deve ser levada em conta”, disse Rodrigo.
Cercamento de matas ciliares estão entre as obras (Foto: Seapa/Divulgação)Cercamento de matas ciliares estão entre as obras do Programa de Revitalização (Foto: Seapa/Divulgação)

A formalização do convênio de revitalização da área da bacia foi feita em 2008 e tem investimento total previsto de R$ 50 milhões. Segundo o assessor técnico da Secretaria de Agricultura, Roberth Rodrigues, ao longo destes nove anos as ações chegaram a 144 municípios, incluindo as cidades que serão beneficiadas em 2017.
Obras serão realizadas em mais de cinco municípios do Centro-Oeste (Foto: Seapa/Divulgação)Obras serão realizadas em mais de cinco municípios
do Centro-Oeste (Foto: Seapa/Divulgação)
Em Panis, por exemplo, serão feitas bacias de captação de água da chuva, que são as famosas barriguinhas, e 12 quilômetros de construção de terraços, que são os quebra molas em áreas rurais. Já em Pitangui, as obras serão realizadas no Córrego do Coqueiro. Essa sub-bacia irá receber  210 barriguinhas e oito quilômetros de construção de terraço.
"Nem todas as cidades terão as mesmas obras. Foram feitos estudos de viabilidade. Algumas receberão cercamento de nascentes e as outras obras citadas", destacou Rodrigo.
Para este ano já estão licitadas sete empresas que vão executar as obras nos municípios selecionados. Esta seleção vem sendo feita com base em levantamento solicitado pela Agência Nacional das Águas (ANA) e realizado pela Emater-MG em 2002 e que identificou as sub-bacias prioritárias para receber as obras de revitalização, incluindo as do Centro-Oeste.
Serra da Canastra, São Roque de MInas, seca, nascente, Rio São Francisco (Foto: Anna Lúcia Silva/G1)Nascente histórica do Rio São Francisco na Serra da
Canastra (Foto: Anna Lúcia Silva/G1)
Nesta terceira etapa estão previstas a proteção de 479 nascentes e de 217 km de áreas de matas ciliares e de topo de morro; a construção de 22.362 bacias de captação de água da chuva, conhecidas como barraginhas e de 1.268 km de terraços em curva de nível e a adequação ambiental de 137 km de estradas vicinais.
“Estas intervenções promovem a infiltração de água no solo com a consequente melhora na qualidade e quantidade da água nas sub-bacias, contribuindo para a manutenção da vazão nos córregos e rios, além de garantir o abastecimento humano, a oferta de água para os animais e a manutenção de pequenas culturas durante quase todo o ano”, afirmou o assessor técnico da Seapa.
Nascente do Rio São Francisco na Serra da Canastra (Foto: Daniela Labonia/Divulgação)Placa indicando nascente histórica do São Francisco
na Serra da Canastra (Foto: Daniela Labonia/
Divulgação)
Rio São Francisco
O Rio São Francisco é um dos mais importantes da América do Sul e o único grande rio genuinamente brasileiro. As águas testemunharam o desenvolvimento do Brasil e pelo país corta serras, matas e vales.
O São Francisco tem mais de 2.700 km e corta sete estados brasileiros - Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal - o que dá a ele o título de maior rio totalmente brasileiro, com uma bacia hidrográfica que abrange 504 municípios.
Na Serra da Canastra, em São Roque de Minas, ele percorre 14 quilômetros até cair na cachoeira Casca Danta, onde inicia a jornada para o Sul e em seguida muda o curso para o Nordeste do Brasil.
Em 2014, o turismo e a economia no trecho de Minas Gerais tiveram problemas graves devido à seca da nascente histórica localizadas no Parque Nacional da Serra da Canastra.
O fato foi descoberto durante um incêndio no parque, quando os brigadistas tentavam impedir que o fogo atingisse a nascente do rio.
São Francisco indica caminho da nascente no Parque Nacional da Serra da Canastra (Foto: Anna Lúcia Silva/G1)São Francisco indica caminho da nascente 
(Foto: Anna Lúcia Silva/G1)
Na ocasião, a seca foi tratada como a pior já vista em todos os tempos. “Não há registros históricos de seca dessa nascente. Essa estiagem simbolizou uma mudança climática rigorosa e serviu de alerta para toda humanidade", afirmou o diretor do parque na ocasião, Arthur Castanheira.
Após as queimadas constantes e a divulgação de que a nascente do Rio São Francisco havia secado houve queda no turismo na região e, de acordo com a Associação de Turismo da Serra da Canastra (Atusca), a baixa no número de visitantes chegou a 60% em 2014. Entretanto, o cenário natural se refez e sete meses depois a economia baseada no turismo foi retomada na região. A visitação no local é hoje 50% maior que no ano da seca, como ressaltou a Atusca.

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