Há ainda tendência de pessoas morando sozinhas ou arranjos unipessoais, de 7,8% para 12,5%
por Lêda gonçalves/Thatiany Nascimento - Repórteres
Em uma década, o perfil da família cearense mudou consideravelmente. Entre 2005 e 2015, enquanto o percentual da população de 60 anos ou mais aumentou, passando de 9,7% para 12,1%, houve redução nos nascimentos, assim como nas uniões civil e/ou religiosos. No Ceará do ano passado, o total de solteiros e pessoas morando sozinhas deu um salto, saindo de 18,1% para 27,6% em apenas quatro anos. A maioria dos casais ou não teve filhos ou não passa de dois. Tanto que o percentual dos que tiveram três ou mais filhos encolheu de 22% para 12,9%. É o que aponta a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta sexta-feira, dia 2 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O arranjo casal sem filho aumentou de 14,2% para 18,1%, e o formado por mulher sem cônjuge com filhos passou de 19,5% para 18,0%. Observa-se, ainda, no Ceará, período 2005-2015, aumento da proporção de mulheres como pessoa de referência da família, de 31,7% para 46,4%. Nos arranjos formados por casal com filhos, essa proporção passou de 7,6% para 26,7%.
Ainda de acordo com o IBGE, do total de 2,9 milhões de arranjos residentes em domicílio particular, 12,5% eram do tipo unipessoal (pessoas que moram sozinhas), 0,3% eram multipessoais sem parentesco (moram com amigos), e as famílias correspondiam a 87,2%. "O arranjo corresponde a uma pessoa ou grupo de pessoas, ligadas ou não por laços de parentesco, que morem em um domicílio particular", explica Helder.
Entre 2005 e 2015, no Ceará, observa-se uma tendência de aumento da proporção de arranjos unipessoais, de 7,8% para 12,5%, relacionada ao envelhecimento populacional, uma vez que a proporção de arranjos unipessoais formados por pessoas de 50 anos ou mais, para a Região Nordeste passou de 55,9% para 63,4%. No Estado do Ceará, os arranjos multipessoais com parentesco, o núcleo familiar mais comum era formado por casal com filhos, mas houve queda de participação, que passou de 52,2% a 43,1% do total dos arranjos, de 2005 a 2015
De acordo com o Instituto, em dez anos, o total de habitantes passou de 8,161 milhões, em 2005, para 8,924 milhões, em 2015. Representa um aumento de 9,3% e ocupa a oitava posição no ranking brasileiro, que tem São Paulo na liderança, com 44,5 milhões de pessoas. No Norte e Nordeste, o Ceará está em 3º, com a Bahia, em 1º, e Pernambuco na 2ª posição. As mulheres continuam sendo maioria, com 50,9% contra 49,1% dos homens. Foi percebido que a diferença entre os gêneros diminui. Em 2005, era de 51,6% (feminina) e 48,4% (masculina).
Causas
A Região Metropolitana de Fortaleza chegou a 3.863 milhões de pessoas. Há dez anos, eram 3.438 milhões de habitantes, sendo 52% de mulheres e 48% de homens. Do total da população, 95,8% são naturais do Estado, com 4,2% de quem veio de fora. Em 2005, 94% eram nascidos no Ceará e 6% originários de outros locais. Na distribuição por cor ou raça, 28,4% (branca) e 71,3% (preta ou parda). Para o supervisor de Estatística do IBGE-CE, Helder Rocha, um movimento migratório importante ocorreu no período e é preciso de mais análise para definir bem as causas.
"Houve uma freada na questão do urbano ou não. No primeiro ano observado, a taxa no Estado era de 76% dos habitantes nas cidades, enquanto que ano passado, passou para 72,5%. Ou está havendo tendência a sair para outras unidades ou para fora do Brasil ou se realmente, tem gente preferindo morar na zona rural mesmo com cinco anos de estiagem", comenta.
Fecundidade
De 2005 a 2015, no Ceará, a fecundidade das mulheres de 15 a 19 anos caiu de 76,3 para 59,4 filhos por mil mulheres, uma redução de 22,1%. Em 2015, o Acre apresentou taxa específica de fecundidade mais elevada para este grupo etário, de 104,3 filhos por mil mulheres, enquanto no Distrito Federal o indicador foi o mais baixo, de 40,0 filhos por mil mulheres.
Já a taxa de fecundidade total passou de 2,31 filhos por mulher, em 2005, para 1,72 em 2015, representando uma queda de 17,7%. A faixa etária de maior fecundidade era a das mulheres de 20 a 24 anos que saiu de 124 filhos para cada grupo de mil mulheres para 91, em 2015. Na faixa dos 25 aos 29 anos, também houve retração, de 111 para 85,2.
Na avaliação do sociólogo Pedro Moraes, os métodos anticoncepcionais, a entrada mais fortemente da mulher no mercado e em cursos universitários podem explicar a redução no número de filhos.
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