Alessandra Corrêa
Uma menina de dois anos de idade que sofre de câncer e precisa de várias transfusões de sangue para combater a doença motivou uma campanha internacional em busca de doadores compatíveis.
Zainab Mughal, que vive no Estado da Flórida, tem um dos tipos de sangue mais raros do mundo, o que torna difícil encontrar doadores. Até agora, de mais de mil amostras testadas, apenas três são compatíveis - uma delas enviada da Inglaterra. Os médicos afirmam que ela precisa de cerca de 10 doadores.
Segundo Frieda Bright, gerente de laboratório do banco de sangue sem fins lucrativos OneBlood, que encabeça a campanha, o sangue de Zainab é raro porque não tem um antígeno chamado Inb, que é comum na maioria das pessoas.
É preciso encontrar doadores que também não tenham esse antígeno, ou o corpo da menina vai rejeitar o sangue.
"É tão raro que é a primeira vez que vejo em mais de 20 anos nessa profissão", afirma Bright em um vídeo gravado pelo banco de sangue.
De acordo com os organizadores da campanha, os doadores devem ser exclusivamente de ascendência paquistanesa, indiana ou iraniana, e ter sangue tipo O ou A. Isso porque, estatisticamente, a chance de encontrar o sangue compatível fora dessas populações é quase nula. Ainda assim, mesmo nesses grupos, calcula-se que menos de 4% das pessoas não tenham o antígeno Inb.
"Estamos procurando doadores compatíveis no mundo inteiro", ressalta Bright.
O OneBlood está trabalhando em conjunto com outros bancos de sangue e com o American Rare Donor Program (ARDP), programa que busca doadores de tipos raros de sangue em todo o mundo. O site da organização tem informações para possíveis doadores sobre como proceder.
Neuroblastoma
O pai de Zainab, Raheel Mughal, conta que ela foi diagnosticada há dois meses com neuroblastoma, câncer que costuma acometer crianças.
"Nós choramos muito. Foi o pior que poderíamos esperar", relata Mughal em vídeo.
A notícia da doença foi agravada pela constatação de que Zainab tinha um tipo de sangue extremamente raro.
"Eu e minha esposa doamos sangue. No dia seguinte, chegaram os resultados e descobrimos que não éramos compatíveis. Muitas pessoas da nossa família e amigos também doaram e não eram compatíveis", afirma o pai da menina.
Segundo os médicos, o tratamento com quimioterapia já está reduzindo o tamanho do tumor, mas Zainab vai precisar de dois transplantes de medula óssea e de muitas transfusões de sangue.
"O sangue não vai curá-la, mas é muito importante para que ela sobreviva ao tratamento contra o câncer", diz Bright.
De acordo com o ARDP, criado a partir de colaboração entre a Cruz Vermelha Americana e a Associação Americana de Bancos de Sangue, o sangue de uma pessoa é considerado raro se apenas um em cada mil indivíduos não tiver o mesmo antígeno ausente naquela pessoa.
Em casos em que apenas um em 10 mil ou mais indivíduos não tenha determinado antígeno, o sangue é considerado extremamente raro, conforme o ARDP.
O programa conecta bancos de sangue e doadores no mundo inteiro para ajudar pacientes com tipos raros de sangue.
"A vida da minha filha depende do sangue", diz Mughal. "O que estão fazendo para salvar a vida da minha filha é incrível. Jamais esqueceremos."
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