Bactéria multirresistente Serratia foi encontrada no corpo de bebê que estava
na UTI neonatal; ao todo, três mortes são investigadas. Apenas casos
emergenciais serão atendidos até domingo
O atendimento no centro obstétrico do Hospital Materno e Infantil de Brasília (Hmib) foi restrito na tarde desta quarta-feira (8), em medida prevista para durar até domingo (13). A decisão foi tomada após exames apontarem que um bebê que morreu na UTI neonatal do hospital, na última semana, estava colonizado com a bactéria multirresistente (ou "superbactéria") Serratia. Outras duas mortes são investigadas.
Durante o período de restrição, apenas casos emergenciais serão atendidos na obstetrícia do Hmib – o maior hospital pediátrico do Distrito Federal. A lista inclui partos com data prevista, gestantes com sangramento, em período expulsivo ou abortamento. Demandas cirúrgicas de emergência também serão atendidas na unidade.
Até domingo, os atendimentos considerados de baixo risco serão direcionados às unidades de ginecologia e obstetrícia dos hospitais regionais da Asa Norte, de Samambaia e do Paranoá. Atendimentos de alto risco que não estão na lista anterior deverão ser feitos nos hospitais de Tagutainga e Samambaia, além do Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte.
Em nota, a Secretaria de Saúde informou que um "plano de contingenciamento" interno foi elaborado pelo governo, e que ainda não é possível "afirmar que a causa do óbito tenha relação com a presença da bactéria no organismo". A pasta não informou prazo para divulgar testes conclusivos.
Segundo o governo, a direção do Hmib adotou "imediatamente" medidas de precaução para evitar que a bactéria multirresistente se espalhe. Internações foram restritas, equipes foram separadas para atender os bebês isolados e partos foram redirecionados para outros hospitais, de acordo com a secretaria.
Durante o período de restrição, o alojamento conjunto e a policlínica do Hmib continuarão funcionando normalmente. Dois médicos ficarão de plantão na ginecologia e na obstetrícia para atender às emergências, e as equipes restantes devem ser encaminhadas a outros hospitais.
Resistência
O termo "bactéria multirresistente" – ou superbactéria, como ficou popularizado nos últimos anos – não faz referência a um organismo específico, mas a uma série de espécies que desenvolveram resistência à maior parte dos antibióticos.
Ao longo do tempo, classes de bactérias comuns – Klebsiella e Escherichia, por exemplo – "aprenderam" a produzir enzimas que inativam a ação dos medicamentos convencionais. Com isso, o tratamento se tornou mais caro e difícil, exigindo o uso de antibióticos de maior impacto.
Além das enzimas, as superbactérias podem se desenvolver a partir da transmissão de plasmídeos, que são fragmentos de material genético (DNA) passados de um micro-organismo a outro. Esse "conhecimento compartilhado" é absorvido pelas diferentes classes de bactérias, espalhando a característica de maior resistência entre diferentes grupos.
No território nacional circulam outras bactérias multirresistentes, como a SPM-1 (São Paulo metalo-beta-lactamase). Entre os remédios ineficazes estão as carbapenemas, uma das principais opções no combate aos organismos unicelulares. Remédios como as polimixinas e tigeciclinas ainda são eficientes contra esses organismos, mas são usados somente em casos de emergência, como infecções hospitalares.
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