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terça-feira, 3 de janeiro de 2017

BLOCO "EU NÃO SOU CACHORRO NÃO" DESISTE DO PRÉ-CARNAVAL E PASSA PARA ESPAÇO PRIVADO.

A nota da banda, que foi divulgada no Facebook, afirma que eles não vão mais participar de editais

Fonte:DN/Caderno3
bloco
Bloco se apresentava, durante o Carnaval, no Mercado dos Pinhões ( Foto: Kiko Silva )
Após a desistência do Sanatório Geral de participar do Carnaval de Rua de Fortaleza, agora, outro bloco anunciou que não participará do Pré-Carnaval de rua da Capital. A banda "Os Alfazemas" informou, na tarde desta terça-feira (3), que o bloco "Eu não sou cachorro, não" não participará do Pré-Carnaval neste ano.
 
A nota da banda, que foi divulgada no Facebook, afirma que eles não vão mais participar de editais e, este ano, vão se apresentar em um espaço privado, garantindo toda estrutura de segurança e banheiros para o público. De acordo com o grupo, para sair no Pré-Carnaval deste ano, eles precisariam arrecadar R$ 49 mil reais pelos quatro dias. 
 
Em entrevista do Diário do Nordeste, o vocallista da banda, Adriano Uchôa, aprofunda os motivos."Ano passado, nós saímos na Praça da Gentilândia, durante o Pré-Carnaval, sem participar de edital. E tivemos uma série de problemas burocráticos e a emissão do ofício que autoriza o uso do espaço público só saiu em cima da hora. Esse ano, não estamos a fim de esperar. O grande problema é que faltam pouco mais de 20 dias para a primeira apresentação do bloco no Pré-Carnaval e até agora a gente não sabe se vai ter edital ou se vai ter algum apoio da Prefeitura", revela. 
 
Em outubro de 2016, o grupo entrou com um ofício, na Prefeitura, para uso do espaço em janeiro de 2017, no Pré-Carnaval. "A última vez que eu olhei no sistema o protocolo, não tinha nem o despacho do ofício, tudo parado. É muito burocrático", diz. 
 
De acordo com ele, há necessidade, por parte da gestão pública, de garantir segurança estrutura para o bloco acontecer. "Precisamos da AMC, da Guarda Municipal, de uma equipe de limpeza para recolher o lixo que fica após a apresentação. Tudo isso é muito burocrático. Ano passado, eu saí da praça 3h da manhã porque fiquei varrendo o local. É bizarro, porque você pensa que, para fazer o seu trabalho como artista, tem que ser gari também. Nada contra os garis, logicamente. O que estou dizendo é que esse não era o meu papel ali", comenta Adriano. 
 
Um dos pontos mais preocupantes, de acordo com a banda, é a segurança dos foliões. "Na rua, se alguém der um tiro pra cima, eu esto ferrado porque eu não tenho apoio da Prefeitura. Se acontecer algo, eu sou o culpado. Tinha que ter um agente da Prefeitura que tivesse autonomia para tirar o sujeito e levar para delegacia. Nem um segrança particular pode fazer isso", pondera Adriano, afirmando que a gestão pública deveria incluir a Praça da Gentilândia no circuito oficial do Pré-Carnaval da cidade.
 
O líder do bloco afirma, ainda, que a Prefeitura deixa tudo para cima da hora. "Deixa para ligar para a gente na sexta-feira antes do Carnaval e nós ficamos de mãos atadas. No Carnaval, a gente deixa a agenda bem aberta porque as prefeituras mais litoâneas deixam para contratar muito em cima da hora. Só que esse ano a gente não vai ceder pela proposta que eles querem. Porque, além de deixar para cima da hora, o cachê é muito baixo e não cumpre nem o valor dos músicos pela tabela dos sindicato", explica. 
 
Adriano também comenta que, durante o Pré-Carnaval, a banda vai decidir como se apresentará no período carnavalesco. "No meio do Pré-Carnaval, a gente já vai ter uma programação fechada e vamos divulgar. Gostaríamos muito de tocar no Mercado dos Pinhões, só que a gente também não pode ficar a mercê de todas essas coisas. Estamos buscando meios de nos tornar independentes", ressalta. 
 
"O que me deixa mais frustrado é você perceber que os valores que os artistas recebem em uma noite de Réveillon são exorbitantes. A gente, com um cachê de R$ 70 mil, garantiria uma estrutura decente para as apresentações, com ambulâncias e segurança", critica o vocalista
 
Prefeitura
 
O novo secretário de Cultura de Fortaleza (Secultfor), Evaldo Lima, afirmou que lamenta a decisão do bloco "Eu não sou cachorro, não" de passar as apresentações para um espaço privado. "Eu tenho muito respeito estético pela banda 'Os Alfazemas'. É uma proposta irreverente e inteligente que dialoga com o melhor da tradição de um espírito romântico e moleque da cultura cearense. O bloco é uma das mais generosas revelações do Carnaval de rua e eu lamento profundamente se essa decisão for consolidada", comenta o gestor da Pasta. 
 
"Eu li as razões apresentadas por eles e as custas que eles apresentaram. É realmente uma questão delicada. Nós precisamos buscar soluções criativas para a economia da cultura e isso exige a parceria tanto do poder público como da iniciativa privada, como eles colocaram lá na nota. Então, vamos buscar uma iniciativa privada para potencializar o Carnaval de rua de Fortaleza", comenta Evaldo. 
 
O gestor afirma que deve começar a trabalhar no edital em breve. "Esperamos que, ao longo dessa semana, a gente defina o edital do Pré-Carnaval, com os valores e a quantidade dos blocos que serão qualificados", diz o secretário, ressaltando também que uma das finalidades é ampliar o diálogo com os blocos e melhorar e qualificar o Carnaval de Fortaleza a cada edição. 
 
Confira nota do bloco na íntegra: 
 
"Foram 4 anos na rua sofrendo pra conseguir colocar o bloco em atividade. A gente sempre esperou receber o apoio da Prefeitura ou mesmo de uma grande empresa que patrocinasse completamente o bloco, algo que nunca ocorreu. Foram quatro anos trabalhando 12 horas por dia de bloco (sem falar de produção e ensaios) acumulando funções pra poder colocar o bloco na rua e mesmo assim acabar tomando prejuízo financeiro. Pra sair neste ano teríamos que arrecadar aproximadamente 49 mil reais pelos quatro dias, sem receber cachê pra banda titular, só pra você ter ideia. Enfim, um trabalho de doido!
 
Agora em 2017 tomamos uma decisão super difícil, mas necessária. Não iremos mais participar de editais, nem esperar mais nada. Iremos sair com o bloco num espaço privado!Acreditamos que assim poderemos dar ao público segurança, estrutura de banheiros, serviço qualificado e qualidade de som, ou seja, uma festa melhor, mais organizada e bonita.
 
Acabamos de fechar uma parceria com a Boate Donna Santa e neste ano, o bloco "Eu Não Sou Cachorro, Não" irá sair no espaço da casa cobrando um valor simbólico na entrada.
 
Foi a forma que encontramos de manter o bloco vivo sem que pra isso a gente tenha que se matar de trabalhar e se frustrar com tudo que a gente já tá acostumado a viver reclamando por aqui".

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