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domingo, 13 de outubro de 2019

ENTREVISTA COM O EX-JOGADOR E TÉCNICO DE FUTEBOL MIRANDINHA .


Ídolo do Fortaleza, ex-atacante passa por situação delicada e espera chance para retomar carreira de treinador e superar problemas financeiros

Fonte:Jogada/
Miradinha foi ídolo no Newcastle, da Inglaterra. Lá, é adorado até hoje pela torcida
Cearense que deixou o Estado para ganhar o mundo e escreveu seu nome na história do futebol brasileiro e internacional. Francisco Ernandi Lima da Silva, o Mirandinha, construiu carreira de causar inveja em qualquer jogador. Vestiu a camisa de grandes clubes do País, como Palmeiras, Botafogo, Santos e Cruzeiro, chegando até o auge de defender a Seleção Brasileira. Hoje, porém, a realidade mudou. O sucesso, a fama e o prestígio saíram de cena e as dificuldades rondam a vida do jovem senhor de 60 anos. Mirandinha foi ainda o primeiro brasileiro a atuar no futebol da Inglaterra, abrindo caminho para tantos outros brasileiros que vieram depois. Em 1987, defendeu o Newcastle, onde é adorado e até hoje reconhecido pela torcida. O mesmo tratamento, porém, não recebe no Brasil.  Ídolo do Fortaleza, ele revelou ainda mágoas com o tratamento dado aos ex-jogadores e garantiu que tem vontade de voltar ao futebol cearense, onde teve tantas alegrias em um futuro não tão distante.
A confissão foi citada em entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares, que teve ainda revelações sobre as dificuldades financeiras enfrentadas nos últimos tempos, os planos para o futuro e a vontade de dar a volta por cima como treinador de futebol.
Como está o Mirandinha hoje? O que você faz da vida?
Estou morando em São João da Boa Vista, no interior de São Paulo, e trabalho num projeto de formação de jovens jogadores, entre 14 e 19 anos, na cidade de Mogi Guaçu. Além disso, estou tocando também uma empresa de franquias de seguros, de planos de saúde. Tenho um sobrinho que me ajuda com isso para que eu possa também correr atrás de espaços no futebol, que tá no meu sangue. É o que quero fazer.

Tem ainda o sonho de voltar a ser treinador?
Sem dúvidas, esse é meu grande sonho. Eu fico triste porque preciso de uma oportunidade. Os trabalhos que fiz foram bons trabalhos, inclusive no Fortaleza, em 2009, onde fui campeão cearense. Esse ano eu concluí a Licença A da CBF, de formação de treinadores, e estou preparado. Agora estou trabalhando com o que dá, mas esperando uma oportunidade para isso. E eu vou chegar lá!
O fato de ser cearense dificulta pra quem sonha em viver do futebol?
Há uma dificuldade maior pra quem é cearense. Eu acredito que há esse lado discriminatório. Eu mesmo quando fiquei fora da Copa do Mundo (de 1990), tinha até matéria nos jornais com o Pelé dizendo que eu não podia ficar fora. Estava vivendo uma grande fase, mas não fui convocado. Acredito que seja realmente uma coisa que acontece começando com nosso próprio povo, que não dá o suporte que outros povos dão. Eu fui campeão cearense em 2009 dirigindo o Fortaleza e tinha gente querendo minha cabeça toda hora... Sempre tinha uma desconfiança. A gente acaba sendo discriminado pelo nosso próprio povo. Acho que isso não deveria acontecer no nosso Estado.
Recentemente você passou por momentos complicados, quais as principais dificuldades?
O lado financeiro sempre foi muito afetado. Porque tem família, contas pra pagar, e isso acaba sempre complicando. Agora, por exemplo, minha esposa e meu filho estão em Manaus. Não tem condições deles virem morar comigo agora. Estou morando sozinho, com ajuda de um amigo. Tive momentos muito difíceis, não foram nada fáceis, mas eu sempre tive muita força de vontade e determinação pra superar os momentos.
Acha que no Brasil o tratamento dado aos ídolos é pior que no exterior?
Sem dúvidas. Em 2016 foi a última vez que fui na Inglaterra, no Newcastle... E os torcedores tiram foto, lá tem as lojas que você atende os fãs... Fui superbem recebido lá, até me emocionei. Mas no Palmeiras, por exemplo, eu fui tratado como um qualquer. Um dia eu ia apresentar o CT pra minha mulher e meu filho e os seguranças não me deixaram sequer entrar lá, onde eu fui ídolo. Isso magoa muito, são coisas que machucam. Essas coisas demonstram que as pessoas só dão importância aos seus ídolos quando ele tá dando 100% em prol do clube. Falta gratidão e reconhecimento.
Tem vontade de voltar ao futebol cearense?
Claro que existe vontade de voltar. Uma das coisas que mais me deixou triste e me fez sair do Estado do Ceará, em 2016, foi a falta de oportunidades, por tudo que fiz no futebol cearense. No Ferroviário fiz bom trabalho, em 1996. Dirigi o Guarany de Sobral em 2005, subi o Aracati como campeão (da Série C Estadual) em 2008 e em 2009 fui Tricampeão Cearense com o Fortaleza. Fiz também um trabalho muito bacana na Arena Castelão, com a criação do memorial do futebol cearense, sendo embaixador da Copa. Infelizmente não encontro o porquê de não ter mais oportunidades.

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