Pedro Popoff, o "Pedro do Cordel", tem ascendência russa e administra um espaço exclusivo à literatura regionalista no Sudeste
Fonte:Verso/Por Wolney Batista, wolney.santos@verdesmares.com.br
A homenagem foi indicação do cantor Moraes Moreira, ocupante da cadeira 38 da ABLC. "Fui a um show dele e minha mãe conseguiu que a gente entrasse no camarim. Mostramos pra ele tudo; o meu trabalho e falamos da cordelteca. Daí ele deu a ideia de colocarmos o nome do Gonçalo Ferreira", detalha o garoto.
No dia da abertura do espaço ao público, o notável cearense foi um dos convidados presentes e discursou sobre o momento especial. "Uma iniciativa espetacular do Pedrinho, que já não é fora de tempo. Na verdade, ele tem se dedicado de corpo e alma à difusão da literatura de cordel por onde anda e deixa um rastro de luz na história da cultura nacional", reconheceu o presidente da ABLC.
O poeta cearense Klevisson Viana festeja a pertinência da implantação. "É uma prova da vitalidade e vigor dessa nossa literatura de cordel, que hoje deixou de ser um fenômeno genuinamente regional, passou a ser nacional e muitas vezes até internacional", pontua.
Andanças pelo Nordeste
No ano passado, Pedro do Cordel esteve no Ceará para aprofundar o conhecimento na cultura nordestina. Ele veio a convite do seminário Cariri Cangaço, evento com 10 anos de existência que se debruça sobre a historiografia cangaceira da região. O encontro já reuniu mais de 700 pesquisadores e 50 mil pessoas somadas todas as edições.
"Pedro esteve conosco em duas edições, uma em Exu, em Pernambuco, e outra aqui em Fortaleza. Pedro encantou a todos pelo profundo amor à cultura do sertão e pelo pleno conhecimento, apesar de bem jovem", recorda Manoel Severo, organizador do seminário.
Ele aponta ainda a relevância da cordelteca como memória para os imigrantes nordestinos. "É importante a criação de um equipamento como esse para Bauru, no estado de São Paulo. A própria capital paulista foi construída e é mantida, em boa parte, pela força de trabalho do nordestino, e uma iniciativa ousada e inédita de um garoto perpetua a força dessa cultura. Nada mais forte do que representar a cultura do Nordeste com o cordel".
Intercâmbio de cultura
Da vivência, Pedro guarda com afeto. "Aprendi bastante coisa sobre literatura de cordel e voltei com um pouquinho mais de bagagem na mala. Conheci muitas pessoas", conta ele, que encantou-se também por Fortaleza. "É uma cidade muito grande e linda, me diverti bastante. Foi um marco na minha vida. Nunca esquecerei esses dias que vivi". Anteriormente, ele já havia viajado a Juazeiro do Norte, Nova Olinda, onde conheceu o mestre Espedito Seleiro e a Fundação Casa Grande, e ao Crato.
Foi nessa última cidade que visitou o Museu de Luiz Gonzaga, fundado por Pedro Lucas, 14 anos. O cratense elogia a ação do xará, com quem soma saberes desde 2016 e já se encontrou algumas vezes. "O Nordeste por muito tempo foi tão sofrido por causa do preconceito. Ele, assim como eu, começou a gostar muito novo e um sulista, como a gente dizia antigamente, ser tão interessado por uma cultura tão linda como a nordestina é imensamente importante. Então, isso só vem a melhorar, expandir e divulgar a cultura nordestina".
As experiências acumuladas ajudam a basilar um sonho grandioso de Pedro Popoff para o futuro. "Quero continuar com a questão do cordel e um dia me tornar presidente do Brasil. E não é brincadeira isso", diz com seriedade e emenda sobre quais temas seriam prioridade para ser bem-sucedido no Palácio do Planalto. "Iria valorizar primeiro a cultura e a educação".
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