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quinta-feira, 30 de maio de 2019

CONSTRUÇÃO CIVIL NO CEARÁ DEMITIU MAIS DE 42,8 MIL PESSOAS EM TRÊS ANOS.

De 2014 a 2017, o contingente de trabalhadores do setor caiu de 106,5 mil pessoas para 63,7 mil, segundo a Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic)

CONSTRUÇÃO CIVIL foi um dos setores mais impactados com a crise
CONSTRUÇÃO CIVIL foi um dos setores mais impactados com a crise (Foto: FÁBIO LIMA)
A crise econômica tem cobrado um preço alto da indústria da construção civil no Ceará. Dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (Paic), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam para um encolhimento do setor. Em três anos, de 2014 a 2017, 41 empresas saíram do mercado e mais de 42,8 mil pessoas foram demitidas, o que resultou em uma queda na ordem de R$ 3,9 bilhões no valor de incorporações, obras e serviços da construção no Estado.

Somente em 2017, em termos nominais, o setor movimentou R$ 7,3 bilhões. Foram 36,52% a menos que em 2016 (R$ 11,5 bilhões). Percentual bem acima do observado no Brasil, que caiu 9,6% no período, recuando para R$ 280 bilhões. Ao todo, ocorreram cerca de 430 mil demissões em um ano e a redução de 3.972 empresas ativas no País.
"O cenário de baixo crescimento, instabilidade econômica e incertezas institucionais tem desestimulado os investimentos, e o setor (de construção) perdeu dinamismo nos últimos anos", afirma a gerente de Pesquisas Estruturais e Especiais do IBGE, Fernanda Vilhena.
Pelos números da Paic, ao fim de 2017, o setor englobava 1.560 negócios ativos no Ceará, ocupando 63,7 mil de pessoas. O gasto com salários, retiradas e outras remunerações, totalizou R$ 1,5 bilhão no ano. Em 2016, esses dados eram, respectivamente, de 1.654 empresas ativas, 70,4 mil trabalhadores empregados e gastos com salários, retiradas e outras remunerações estimados em R$ 1,9 bilhão no ano.
Se levar em consideração o cenário que se tinha em 2014, com Copa do Mundo, que mobilizou muitas obras no Estado e de maior pujança econômica, a situação é ainda mais preocupante. Naquele ano, a indústria da construção civil chegou a empregar em torno de 106,5 mil trabalhadores no Estado.
O analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Wítalo Paiva, explica que muitos desses trabalhadores acabam migrando para outros setores, como comércio e serviços, para a informalidade ou mesmo não conseguiram se recolocar no mercado, engrossando as estatísticas de desempregados. "Isso é algo que acaba rebatendo na economia cearense, no consumo, no comércio. É uma massa muito grande de desempregados, o que tem imprimido um ritmo mais lento de retomada da economia".
Na análise do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, pela ótica da produção, os dados do IBGE apontam que o setor de construção (-7,5%) não acompanhou a recuperação da economia e se destacou com o pior resultado de 2017. Por outro lado, setores relacionados a recursos naturais e comércio (2,1%) cresceram atrelados ao consumo das famílias. Também houve retração de 7,5% no valor adicionado bruto da construção, o que mostra diminuição no ritmo de queda em relação a 2016 (-10%).
O presidente do Sindicato das Construtoras (Sinduscon-CE), André Montenegro, acrescenta que a falta de regras mais claras sobre a questão dos distratos imobiliários - que apenas foi regulamentado no ano passado - também ajudou a agravar a crise no setor. "De repente o consumidor não podia ou não queria mais pagar, mas queria ter o dinheiro de volta completo. O que era complicado, porque a construtora aplicou aquele dinheiro no imóvel e não tinha como devolver de uma vez, e isso quebrou muitas empresas e trouxe instabilidade ao setor".
O estoque de imóveis em Fortaleza, em 2017, era de 11 mil unidades. Hoje está em torno de 6,5 mil. "Também não houve mais muitos lançamentos. Mas o que temos de ter em mente é que há uma perspectiva de melhora. Acredito que se for aprovada a reforma da Previdência, será um grande sinal para o mercado de que as contas públicas poderão se reequilibrar e, com isso, o investimento e a confiança voltam", afirma André.
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