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domingo, 2 de dezembro de 2018

EMPREENDEDORAS CEARENSES APOSTAM EM COMERCIALIZAÇÃO E PRODUÇÃO JUSTA DE ALIMENTOS ORGÂNICOS.

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A vontade de mudar o mundo pode ser capaz de transformar as metas de alguém. Priscilla Veras, 36 anos, sonhava com isso desde a infância e Déborah, a irmã, 33, não pensava muito diferente. No fim das contas, as duas se uniram para um objetivo em comum: trabalhar para tornar esse desejo uma realidade. Aos poucos foram montando uma startup, a Muda Meu Mundo, que funciona oficialmente há pouco mais de dois anos.
Desde a infância esse caminho já parecia se desenhar. O contato com projetos sociais e com realidades diferentes das que viviam em casa, foram dois fatores que puderam abrir os olhos das duas ainda muito cedo. Agora, trabalham diretamente com famílias agrícolas na tentativa de adotar uma produção sustentável. Além disso, também realizam o escoamento desses produtos tanto nas feiras da cidade como na loja da empresa.
"Nós fomos criadas apoiando esses projetos então a gente foi iniciada nesse mundo. No meio dessa leva, eu acabei orientando toda a minha formação para o terceiro setor", contou Priscilla, pedagoga e cientista política, sobre o "início" de tudo. Ao lado da irmã, que é formada em secretariado executivo, ela se mostrava encantada ao falar de cada passo ou decisão tomada por ambas para fazer a Muda Meu Mundo sair do papel.
Nada ocorreu de forma simples. Pesquisas e anotações foram necessárias para que os planos fossem realizados. "O social sempre foi muito próximo de nós, mas não entendíamos e não tínhamos o conhecimento de que empresas podiam fazer isso. A gente achava que esse era o papel desempenhado pelas ONGs, por exemplo, de mudar a vida das pessoas", explicou Priscilla.
Déborah, que trabalhava com questões mais administrativas, foi essencial para que as percepções das duas mudassem. "A gente pensava bastante no lado social, mas ainda não tinha chegado à conclusão de como isso poderia gerar dinheiro para a gente se manter. Eu saí do meu trabalho para viver isso". Entretanto, nenhuma das duas ainda não sabia a grande questão: como gerar lucro por meio disso.
"Em 2009, comecei a entender o que eram os negócios de impacto social e eu trabalhava no terceiro setor nessa época. Foi quando a Débora saiu do trabalho dela e teve a ideia de algo que pudesse envolver comida, hortas urbanas e mulheres. A partir daí a gente começou a pensar e a modelar o que nós temos hoje", comenta Priscilla. Desde essa época, o crescimento da empresa não tem dado trégua, apesar dos momentos de complicação sentidos no dia a dia.
E os estudos não cessaram. Desde julho de 2016, com a empresa funcionando, as duas comentam que o modelo de negócios que aplicaram ainda não é conhecido no Ceará e as dificuldades em relação a apoio foram diversas. Sendo assim, uma medida mais do que necessária foi embarcar para São Paulo, onde puderam ter contato com quem tivesse aprendizado suficiente na área. Por meio de videoconferências e ensino a distância, as duas conseguiram formular um modelo a ser aplicado por aqui. "A gente saiu da ideia inicial, que seria a ONG para as hortas urbanas, e começamos a desenvolver o que temos agora", diz Priscilla.
Papéis familiares
Com a proximidade tão grande dentro do emprego, se torna comum falar da relação entre irmãs e sócias. A confiança, inclusive, parece ser um dos principais pilares que movem as duas e o ideal que possuem. "A gente sabe que nenhuma quer se dar bem em cima da outra. Sei que a Déborah nunca vai pegar as finanças, por exemplo, e mascarar alguma coisa. Ela nunca vai fazer isso comigo, entendeu?", afirma Priscilla, com uma forte segurança que transparece até mesmo para quem conheceu ambas há poucos instantes.
Porém, só quem tem irmãos talvez possa entender das dificuldades de uma relação tão próxima. "É engraçado como a gente tem essas personalidades e habilidades diferentes. Como a Priscilla é mais dessa parte de desenvolvimento humano, ela fica com a capacitação dos agricultores e as parcerias estratégicas. E eu acabo ficando mais responsável pela gestão do negócio em si", conta Déborah. Mesmo assim com características distintas, as duas acreditam que tudo é capaz de contornar quando se existe o respeito e consciência dos papéis desempenhados de irmãs e empresárias.
Novos planos
Primeiras etapas consolidadas, agora é a vez de seguir em frente à expansão do trabalho que já realizam. Reconhecidas pelo projeto - as duas foram finalistas do Prêmio Cláudia 2018, na categoria Negócios - elas já contam que se preparam para distribuir os alimentos em supermercados locais. Apesar disso, ainda não revelam mais detalhes e aguardam com ansiedade o novo ano. "Não é um caminho fácil, mas é possível", resume Priscilla, sem arrodeios, para deixar marcado que, em muitos casos, seguir os sonhos é a melhor escolha.

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