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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

HORTALIÇAS DÃO LUCROS DURANTE A ESCASSEZ DE ÁGUA NO INTERIOR DO CEARÁ.

Mesmo com a redução da área plantada, quem apostou na sustentabilidade vem lucrando com as hortas

FONTE:DN/REGIONAL

A estrutura montada na propriedade rural inclui sistema de irrigação que evita o desperdício e mantém a produção verde durante o ano inteiro ( Foto: Wandemberg Belém )
 por Honório Barbosa - Colaborador
Iguatu. A escassez de água contribuiu para que os produtores de hortaliças reduzissem a área de cultivo ou mesmo o abandonassem, no Centro-Sul cearense. A secretaria de Agricultura deste Município estima que o número de unidades produtoras caiu pela metade, se comparado agosto deste ano a igual período de 2016. Neste cenário, quem ficou na atividade ou apostou em plantio sem uso de agrotóxico comemora bons resultados e vendas crescentes.
Um exemplo vem do Sítio Barreira dos Pinheiros, distante 10Km de Iguatu, em várzeas do Rio Trussu. O produtor Ednaldo Barros cultiva alface de forma natural, sem o uso de nenhum produto químico. Os pés chamam a atenção pela qualidade e bom desenvolvimento. A plantação livre de veneno atrai o desejo dos consumidores na feira livre.
Após 20 anos trabalhando com o uso de diversos tipos de agrotóxicos para matar pragas e de adubos químicos, utilizados para ajudar no desenvolvimento das plantas, Barros mudou totalmente o manejo na horta e buscou alternativas para solucionar recorrentes problemas de ataque às hortaliças. Decidiu fazer o cultivo agroecológico.

Pouco tempo depois, já colhe resultados. A produção vem despertando o interesse dos consumidores e até de outros agricultores em produzir frutas e principalmente hortaliças sem uso de defensivos químicos.
Cuidados com o solo
Os cuidados começam com o preparo da terra, na nutrição do solo. Na adubação, é aproveitado o próprio mato que nasce na roça. "O controle de doenças, pragas e as deficiências nutricionais das plantas a gente também faz de modo alternativo", explica Barros. "Entre os canteiros, a vegetação crescida serve de barreira contra o ataque de insetos", completa.
A estrutura montada na propriedade inclui, ainda, um sistema de irrigação que evita o desperdício de água. "A produção sem veneno não polui os rios e nem o solo, não mata insetos e aves benéficas à lavoura", pontuou Bruno Carlos, mestre em Engenharia Agrícola, filho de Ednaldo, que faz o acompanhamento do plantio. "Tudo foi pensando em produzir da forma mais natural possível, como antigamente", conta.
A área produtiva, verde, irrigada, contrasta com a maior parte dos terrenos agrícolas situados em seu entorno, que permanecem com a terra nua e sem produção alguma.
O cultivo da alface na propriedade envolve toda a família Barros, incluindo esposa e filhos, além de gerar emprego para outros agricultores que também passaram a se adaptar ao novo modo de cultivo. "Eu antes plantava e arrancava o mato, colocava veneno e fogo. Agora cultivo seguindo o que orienta a Agroecologia e o melhor é que dá resultado", complementou o agricultor Cícero Pereira.
Desistências
Nas várzeas dos rios Jaguaribe e Trussu, em Iguatu, havia dezenas de hortas. A escassez de chuvas e falta de água obrigou muitos desses produtores a desistirem da atividade ou reduzirem a área de cultivo.
Foi o que aconteceu com o agricultor, aposentado Francisco Pereira, que há 10 anos mantinha canteiros com cultivo de coentro e cebolinha (cheiro verde), no distrito de Alencar. "Sem água, não há como produzir. Tive que parar de uma vez e estou vivendo só com a aposentadoria", contou.
Outro produtor que também abandonou a atividade foi José Bezerra, da localidade de Suassurana. "A gente fazia o cultivo de pimentão e cheiro verde, mas, com esses anos ruins de chuva, pouca água, o poço secou e tivemos que suspender a horta", lamentou. "A minha esperança é que volte a chover bem. Quero retornar com o cultivo", finaliza o agricultor.

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