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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

MÃES DENUNCIAM CANCELAMENTO DE CIRURGIAS NO HOSPITAL DE MESSENAJA EM FORTALEZA-CE.

Coren também havia constatado risco de infecção nas cirurgias do hospital.

Por G1 CE

Crianças ficam sem cirurgias por falta de material no hospital de Messejana
Mães denunciam adiamento de cirurgias por falta de material no hospital de Messejana, em Fortaleza. Um grupo de mães relatou nesta quarta-feira (21) que os procedimentos são desmarcados e que há espera de até nove meses para a realização de cirurgias.
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-CE) já havia denunciado a falta de material cirúrgico no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (Hospital do Coração), da rede estadual do Ceará.
A filha de Vanessa Silva só tem dois meses e já vai para segunda cirurgia. Ela nasceu com problemas cardíacos. Fez um cateterismo no mês passado e está pronta para o segundo procedimento. A mãe não sabe quando vai ser.
“Já fui avisada duas vezes da cirurgia da minha filha. Minha filha está de dieta. Minha filha de dois meses. Ela está sem comer nada. Chego aqui no hospital com a esperança de ver minha filha operada e quando chego aqui está cancelada por falta de material”, condena.
O filho da Andreia Rodrigues já está internado há 20 dias em situação grave. A cirurgia dele também foi remarcada várias vezes por falta de material.
“Essa que ele tem que fazer agora precisa de muito material. A médica falou que precisa de bastante material, pois a cirurgia é bem complicada. Bem de risco”.

Relatório aponta falhas na infraestrutura

A visita dos profissionais do conselho foi em setembro de 2017 e deu origem a um relatório apontado várias falhas tanto nas salas de cirurgia quanto na central de material hospitalar. Segundo a secretária-geral do Coren, Ana Paula Lemos, hoje, o risco de infecção durante uma cirurgia no hospital é alto
“O bloco cirúrgico passa por sérias falhas na infraestrutura. Como paredes danificadas, pisos descontinuados, teto caindo na central de material em cima de uma autoclave. Para que as pessoas entendam autoclave é um equipamento que esteriliza o material cirúrgico que será utilizado nas cirurgias e isso faz com que a gente não tenha segurança que esse material esterilizado esse material guardado seja mantido estéreo isso causa contaminação nas cirurgias”.
Após a primeira fiscalização, a direção do hospital foi notificada. Em janeiro deste ano, a equipe do Conselho voltou e encontrou a mesma situação. A denúncia foi encaminhada para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e para o Ministério Público.
“Não seremos a atitude que eles vão tomar. Mas que o risco de uma contaminação nessas cirurgias é grande isso é fato”.

Lotação e morte de paciente

A crise vivida dentro do hospital já vem sendo denunciado desde o ano passado. Em setembro bebês foram vistos na UTI neo natal a espera de cirurgias de urgência. Procedimentos que estavam sendo adiados na época por falta de materiais e equipamentos.
Já em dezembro um vídeo foi gravado por um dos acompanhantes dentro do hospital. Dá para ver a lotação do corredor. Macas e mais macas com pacientes que se acumulavam por causa da demora na realização das cirurgias de coração. Um idoso de 70 anos já estava há 4 meses aguardando para ser operado.
No mesmo mês um outro paciente de 58 anos morreu depois de ficar 47 dias na fila de espera por um trasplante de coração. Período em que as cirurgias foram suspensas por falta de um medicamento.
A família disse que surgiram quatro corações compatíveis para o transplante, mas a cirurgia não chegou a ser feita. Na época o diretor do hospital disse que os transplantes não estavam acontecendo pela falta de um medicamento, mas segundo médicos e funcionários não era o único motivo. A lista de remédios e materiais em falta no centro cirúrgico era bem maior.
Risoneide reza pra que a filha de 9 meses consiga sobreviver. Hoje, na UTI, ela sofre as consequências de uma cirurgia adiada três vezes.
“Minha filha teve cirurgia adiada três vezes e quando ela foi para esse procedimento cirúrgico infelizmente foi tardio não teve como resolver porque pela demora. Ela foi só aberta. E hoje eu me encontro na UTI com ela há 20 dias por conta desses procedimentos tardios

Reestruturação dos materiais

A direção do hospital disse que a central de materiais e esterilização está passando atualmente por uma reestruturação, atendendo à solicitação da Vigilância Sanitária em uma visita à unidade.
A direção disse ainda que, preocupada com a segurança dos pacientes, participa de um projeto junto ao Ministério da Saúde e o Hospital do Coração de São Paulo, que adota boas práticas assistenciais.
O hospital ainda se posicionou sobre a remarcação de cirurgias.

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