Um acordo de cooperação está sendo estudado entre Estado, União e os municípios de Jijoca, Cruz e Camocim
por Marcelino Júnior - Colaborador
Jericoacoara. A servidora pública aposentada Edinete Ponte veio de Cuiabá, no Mato Grosso, para conhecer as belezas de Jericoacoara, no Litoral Oeste cearense. O pacote turístico incluiu, além da viagem de avião, o deslocamento de Fortaleza até a praia, hospedagem e passeios pelos principais pontos turísticos da Vila, localizada a cerca de 300Km da capital, pela CE-085. "O local é encantador", diz a aposentada, que já planeja voltar com amigos e familiares. "Não sei se é o período, mas achei os preços bastante acessíveis, principalmente relacionados à alimentação e hospedagens. O povo também é hospitaleiro, mas que achei realmente caro foi o valor cobrado de Fortaleza para cá", disse.
A também servidora pública Bianca Ponte, filha de Edinete, tem a mesma opinião, tanto em relação às belas paisagens da concorrida praia e o atendimento das pessoas do lugar, quanto ao valor do translado, que parte de Fortaleza até a vila, que ela considerou bem caro. As passagens de ida e volta de avião, por exemplo, saíram por R$ 840, por pessoa, mas, por terra, a preço superou as expectativas das duas turistas. "Nós pagamos R$ 850, ida e volta, para quatro pessoas, o que achei pesado para o bolso, tendo em vista que a viagem é dentro do próprio Estado", disse. Ao saber da inauguração, no dia 24 de junho, do Aeroporto Regional de Jericoacoara, localizado no município de Cruz, a cerca de 22Km dali, a visitante já planeja voltar ao balneário, pela nova rota, com voo semanal fretado pela CVC e operado pela Gol, que parte de Congonhas, em São Paulo, até Cruz. "Talvez o valor seja mais em conta do que é cobrado hoje", espera a turista.
Novos voos
Com a expectativa de novos voos para a região, a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) prevê que o fluxo de turista aumente em 20%, ao longo dos próximos três anos, chegando a receber 10 mil visitantes por mês. Anualmente, a Vila de Jericoacoara recebe cerca de 600 mil visitantes, de acordo com dados da Setur. De acordo com o secretário, Arialdo Pinho, o objetivo é expandir esse turismo para outras praias, como a de Almofala. "Vamos trazer os turistas para desenvolver essa região, já que a única entrada para cá, antes em Fortaleza, é muito longe. Agora, será possível fazer a rota em menos tempo", comparou.
Ainda, segundo o secretário, um trabalho de pesquisa ambiental está sendo realizado, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que administra o Parque Nacional de Jericoacoara, para melhorar e controlar o acesso ao local, além do estacionamento, coleta de lixo, e manutenção de serviços, como água e esgoto na localidade. Ainda sem uma data definida, o mês de julho foi reservado ao fechamento de um acordo de cooperação para implementar modificações no Parque, a ser assinado entre representantes do ICMBio, Setur e as prefeituras de Jijoca de Jericoacoara, Camocim e Cruz.
Apesar da especulação gerada, nos últimos meses, entre moradores, visitantes e pessoas que trabalham na Vila, em relação às mudanças que ocorrerão com o acordo, Arialdo Pinho já deixou claro que, "qualquer intervenção em Jericoacoara, somente poderá ser iniciada após o acordo ser assinado".
Entre o pacote de ações a serem implementadas estão o controle do acesso nos postos de informação de Jericoacoara, a retirada de animais de dentro do Parque, como bois, jumentos e outros de pequeno porte; a delimitação dos 8.416 hectares da unidade com cercamento, além da melhoria e manutenção das principais vias internas de acesso de veículos autorizados.
Taxa diária
Outra possível ação, que chama a atenção quanto à estada de turistas na vila, é a possível cobrança de taxa diária, pelo ICMBio. O valor cobrado seria revertido em manutenção e outros serviços essenciais como segurança, limpeza e saúde, por exemplo. O dinheiro pago pelo turista seria dividido entre União, Estado e os municípios de Jijoca de Jericoacoara, Cruz e Camocim.
"Ainda não temos data para uma possível reunião, entre as partes, que defina qual será a responsabilidade de cada uma. Mas nós, enquanto municípios, não aceitaremos um acordo que prejudique os moradores da vila", afirmou secretário de Turismo de Jijoca, Ricardo Gusso Wagner.
Valores
Hoje, o visitante, ao chegar a Jijoca, paga R$ 160 para seguir até a vila e retornar, em seu próprio veículo, com apoio de um guia cadastrado por alguma das cooperativas que operam no local. No estacionamento, na entrada da vila, são cobrados mais R$ 20, por dia, para cada veículo. O turista segue, com sua bagagem, até o local de desembarque (pousada ou hotel), num carro adequado, oferecido pelo Município, sem ônus.
Se o passeio for por meio de algum dos veículos cadastrados que circulam de Jijoca até a praia, o carro, ou motocicleta do visitante deve ficar num estacionamento, na sede do Município, que custa uma média de 10 a R$ 20 (2 horas). O carro de passeio adaptado custa R$ 25 por pessoa. "Contamos com apoio do Detran, na entrada da vila, para coibir o acesso de veículos clandestinos, ou guias, além da fiscalização feita na praia para impedir o acesso de veículos", explica o secretário de Turismo.
Enquete
Como vê essas novas taxas?
"Eu sou de Guarulhos (SP), e estou aqui pela primeira vez. Se a medida for para trazer benefícios aos turistas, acho válida. Só devemos ficar atentos aos valores que vão ser cobrados, para que o passeio não fique tão caro"
Dionízia Stopa - Aposentada
"Se as mudanças forem para organizar o espaço entre vendedores e visitantes para melhorar a situação de quem mora aqui e vive do turismo, acho importante. Tem que saber como vai ficar a vida dos nativos"
Maria Elizângela Dutra - Autônoma
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