Boi foi resgatado pela Cidasc na noite de sábado em Governador Celso Ramos (Foto: Polícia Militar/Reprodução)
A Polícia Militar deteve 14 pessoas suspeitas de participar de uma farra do boi na noite de sábado (15) em Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis. Mais cedo, entre o fim da manhã e o meio da tarde, a PM precisou chamar o reforço do Bope para conter moradores que tentaram impedir a ação da polícia contra uma outra farra, na mesma cidade.
Por volta das 11h, a PM recebeu um chamado sobre uma farra na localidade de Ganchos de Baixo. De acordo com o coronel Araújo Gomes, comandante da 11° Região da PM, os policiais foram hostilizados por mais de 150 pessoas. Objetos foram arremesados e atingiram uma viatura e equipamentos da polícia.
Os policiais pediram reforço do Patrulhamento Tático de Biguaçu, e também do helicóptero Águia. O Batalhão de Operações Especiais (Bope) foi acionado para garantir a segurança dos policiais, informou o coronel.
A polícia utilizou balas de borracha. "O local era de difícil acesso e populares arremessavam objetos obrigando os policiais a utilizar elastômero cada vez que percorriam as vias estreitas", relatou o comandante.
A situação só foi controlada por volta das 15h, quando o grupo se dispersou. Nesse episódio, ninguém foi detido. O boi foi localizado em uma área isolada, bastante machucado, segundo a PM, que acabou sacrificando o animal.
Detenções à noite
À noite, os policiais foram chamados para uma nova ocorrência de farra do boi, na mesma cidade. Conforme a RBS TV, participantes jogaram objetes e chegaram a disparar foguetes na direção dos policiais. Quatorze pessoas foram detidas. Elas poderão responder pelo crime de maus tratos a animal.
O boi foi localizado bastante cansado e foi recolhido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). "O animal estava tão cansado e fraco que não conseguia subir no caminhão dos técnicos civis encarregados da remoção do animal", disse o coronel.
Em Porto Belo, no Litoral Norte, três farristas foram flagrados pela PM na manhã de domingo (16), no bairro Araçá. Eles assinaram termos circunstanciados e vão responder em liberdade. O animal foi removido pela Cidasc.
Prática é considerada crime
A farra do boi é considerada crime, de acordo com o art. 32 da Lei n. 9.605/1998, conforme acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF). A pena para quem comete crime é de três meses a um ano de detenção, com aumento de um terço da pena em caso de morte do animal.
Página recebe denúncias
Na internet, grupos tentam acabar com a prática. Um deles é o Coletivo Brasil Contra a Farra do Boi, que reúne grupos de defesa dos animais e tem participantes de várias partes do Brasil.
"Neste ano tivemos o número de ocorrências reduzidas. Mas ainda assim houveram muitos casos até o Sábado de Aleluia. Ainda está longe de ser o ideal. Mas estimamos que, devido à ação, mais de 30 casos deixaram de acontecer em toda a região da Grande Florianópolis", diz um ativista que, por segurança, prefere não ser identificado.
Ele afirma que a página criada por eles recebe várias denúncias. "Também utilizamos a página para divulgar à população os casos flagrados, sempre no intuito de conscientizar, com o objetivo de que a prática seja extinta".
Segundo o ativista, os praticantes da farra usam artimanhas para despistar a polícia. "Os farristas possuem uma organização que utiliza inclusive olheiros para informar quando a polícia está próxima. Também os próprios farristas, quando vão 'soltar o boi', costumam ligar para o 190 denunciando uma falsa farra em locais distantes, para confundir a ação da PM".
Ele lembra que um dos casos mais graves em Santa Catarina ocorreu na madrugada do dia 5 de abril, em Governador Celso Ramos. "Participamos infiltrados em um caso de farra na Praia de Ganchos do Meio, na qual o boi entrou no mar mais de 5 vezes na tentativa de fugir dos farristas que espetavam o animal com facas e espetos, além de darem tiros de chumbinho (espingarda de pressão). No final da prática levaram o animal mar adentro arrastado por um barco".
Segundo ele, chutes e pauladas também eram dados no animal. "Nunca presenciei tamanha selvageria". A polícia chegou a ser acionada nesse caso, mas ninguém foi preso, conforme o ativista.
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