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quinta-feira, 20 de abril de 2017

A JOVEM RELEMBRA TRISTEZA AO SABER DA MORTE DO QUÍNTUPLOS EM GO; 'O MUNDO DESABOU'.

Carla Oliveira, que já se recupera em casa, diz que 'ficou em pânico' com perda dos bebês e afirma que não desistiu de ser mãe, mas quer voltar engravidar em um 'futuro bem distante'.

Por Sílvio Túlio, G1 GO
Carla relata sensação ao saber da morte dos quíntuplos: 'Mundo desabou' (Foto: Sílvio Túlio/G1)
A técnica em enfermagem Carla Divina Faria de Oliveira, de 24 anos, ainda tenta assimilar a morte dos quíntuplos horas após o parto, em Goiânia. Já em casa, a jovem se recupera das dores física e, principalmente, psicológica, mas as lembranças ainda estão muito recentes em sua memória. A tristeza pela perda dos cinco bebês, frutos de uma gestação natural, deve demorar para ser superada.
"Fiquei em pânico. É uma sensação que não desejo nem para o meu pior inimigo. Sofri bastante. Chorei e tentei levantar mesmo ainda estando anestesiada para vê-los. Não estava nem me importando comigo, a minha única preocupação era com os bebês. Ali o meu mundo caiu", disse ao G1.
Os três primeiros bebês nasceram no início do sábado (15) de parto normal, na Maternidade Amparo, na 23ª semana de gravidez. Uma das quatro meninas morreu cerca de uma hora depois. Já o único garoto também não resistiu em morreu em seguida. A terceira criança chegou a suportar um pouco mais, mas também morreu na madrugada do dia seguinte.
Carla conta que, logo após o nascimento de três dos filhos, os médicos decidiram fazer uma cesariana de urgência. "Era para todos terem nascido de parto normal, mas os outros três não desciam. O colo do útero fechou, o trabalho de parto acabou. Não tinha mais contração", afirma.
As últimas duas garotas foram retiradas e chegaram a ser levadas para leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Infantil de Campinas e na Maternidade Ela, mas também não resistiram.
A técnica em enfermagem admite que, quando entrou em trabalho de parto, dificilmente os bebês conseguiriam sobreviver por conta do pouco tempo de gestação. "Eu já imaginava [que eles não resistiriam] porque não estavam completamente formados. Tinha esperança, mas não sabia se vingaria", confessa.
Avô dos quíntuplos que morreram após o parto lamentou situação (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Recuperação em casa

Carla ficou uma semana internada. Após a alta, recebida na última segunda-feira (17), ela se recupera na casa onde mora com o esposo, o encanador industrial Luciano Gomes, de 39 anos, moram em Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia.
Ela ainda está em repouso absoluto e tomando remédios para tratar uma anemia que contraiu por conta da grande perda de sangue. Além disso, também foram prescritos medicamentos como antibióticos e até mesmo antidepressivos.
Para compensar, ela conta com os cuidados dos pais, da sogra e da cunhada. Todos eles já integravam uma força-tarefa que iria ajudar a jovem a cuidar dos bebês. "A casa está cheia, eles estão me ajudando", conta.

Futuro

Assim como já havia revelado o pai de Carla, Carlos Antônio de Oliveira, a jovem não desistiu do sonho de ser mãe. Porém, diz que só vai engravidar novamente em um "futuro bem distante". Parte do receio mora no fato de, um ano antes da morte dos quíntuplos, ela já havia perdido gêmeos nas mesmas circunstâncias.
"Penso em fazer um tratamento, tanto físico quando psicológico. Pelo trauma e pela perda, vou ficar com muito medo. É bom eu esperar, cicatrizar a dor dessa perda e viver um pouco mais para mim e para meu esposo. O sonho não acabou, mas vai demorar para engravidar de novo", pontua.
Casal, que esperava ansiosamente chegada dos filhos, quer seguir a vida (Foto: Sílvio Túlio/G1)
Carla está licenciada do trabalho pelos próximos quatro meses, mas pretende voltar assim que possível. Uma viagem em família também está em seus planos.
"Vou voltar a ter minha vida ativa. Não quero ficar remoendo e sofrendo, vou me cuidar. Não só eu e meu esposo sofremos, mas todos que estavam ali no dia a dia me acompanhando. A ideia é tentar se despreocupar", afirma.

Gestação natural

De acordo com uma das teorias mais tradicionais para se calcular a probabilidade de nascimentos múltiplos, conhecida como "Lei de Hellin", a chance de nascerem quíntuplos a partir de gestações naturais é de 1 a cada 65.610.000 de nascimentos.
Especialista em gravidez de alto risco, o obstetra Francisco Lobo, que acompanhou Carla, afirma que o caso era “raríssimo”. “Não conheço nenhuma gestação semelhante que tenha ocorrido assim, de forma natural. Normalmente até pode ocorrer em situações em que houve tratamento ou foi feita a inseminação artificial. Mas assim, naturalmente, nunca tinha ouvido falar antes”, disse.
Logo depois de descobrir que esperava quatro meninas e um menino, Carla revelou ao G1 quais tinham sido os nomes escolhidos: Allana, Emanuelly, Gabrielly, Giovanna e Arthur Lucas.

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