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domingo, 19 de fevereiro de 2017

ALTO CONSUMO DE ÁGUA NA TERMELÉTRICA DO PECÉM AGRAVA AINDA MAIS A CRISE HIDRICA.


A termelétrica retira diariamente do Castanhão uma quantidade de água que abasteceria cidade de 600 mil habitantes

Por Tribuna Bandnews FM em Ceará


Além do Ceará, as termelétricas também causam impactos em estados vizinhos, como Rio Grande do Norte e Pernambuco (FOTO: Arquivo/Tribuna do Ceará)
Continua preocupante a situação do maior reservatório que abastece a população cearense. Mesmo com as últimas chuvas registradas, a capacidade hídrica do Castanhão não chega a 5%.
Esse é um dos vários efeitos da crise hídrica que o Ceará vem atravessando. Diante dos riscos de um racionamento, a Tribuna BandNews FM exibe, desde dezembro do ano passado, uma série de reportagens sobre o alto consumo de água das usinas termelétricas do Complexo Portuário do Pecém, na Região Metropolitana.

As térmicas têm autorização para captar até 70 milhões de litros de água por dia do Castanhão, o que daria para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes, ou seja, três vezes a população de Maracanaú. Atualmente, o reservatório está com pouco mais de 332 milhões de litros de água.
Além do Ceará, as termelétricas também causam impactos em estados vizinhos, como Rio Grande do Norte e Pernambuco. Assim como o Ceará, o estado que fica ao lado, Rio Grande do Norte, também enfrenta uma seca prolongada há cinco anos seguidos, com 14 dos 167 municípios em colapso hídrico.
O maior reservatório do estado, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves, está apenas com 14% da sua capacidade total e deve entrar em volume morto até junho, de acordo com as autoridades potiguares.
Até aí, Ceará e Rio Grande do Norte vivenciam dramas semelhantes. Mas ao observar o funcionamento das termelétricas em cada estado, o cenário muda. Das três usinas que operam desde 2009 no Rio Grande do Norte, apenas uma capta água para gerar energia: a Termoaçu.
Nesse empreendimento, a água utilizada vem do rio Piranhas-Açu, que faz parte do maior reservatório do estado e serve para o abastecimento humano e a produção industrial da região.
O secretário de meio ambiente e recursos hídricos do Rio Grande do Norte, Mairton França, explica que a usina teve que garantir a própria água para seguir em atividade, além de ter que devolver parte do que consome para o leito do rio.
“O que houve foi uma compensação feita pela mudança de metodologia da própria usina para que ela possa primeiramente devolver a água utilizada para o leito do rio. Isso não causa nenhum impacto, nem de qualidade e muito pouco impacto de quantidade”, esclarece.
Como o rio Piranhas-Açu é de domínio federal, as compensações são estabelecidas pela agência nacional de águas, em conjunto com as empresas donas da usina e o governo potiguar. Mairton França afirma que a Termoaçu nunca deu prejuízos ao abastecimento hídrico do estado, mas que diante da grave seca, a captação de água pode ser suspensa nos próximos meses.
O peso da estiagem no Nordeste também é sentido por Pernambuco, onde o Agreste tem sofrido com o colapso de barragens e a população ameaçada pela falta d’água. Por lá, existem cinco termelétricas, movidas a óleo combustível.
Quando é preciso captar água para seu funcionamento, as usinas adquirem carros-pipa, ou, compram de uma concessionária do governo do estado. Nesse caso, o diretor de controle das fontes poluidoras de Pernambuco, Eduardo Elvino, reconhece que os reservatórios são comprometidos, mas, que o impacto é pequeno.
Já no Ceará, o governo do estado e o governo federal enfrentam um impasse em torno do desligamento, ou não, das termelétricas que operam no Complexo Portuário do Pecém, na região metropolitana.
As usinas têm autorização para captar até 70 milhões de litros de água por dia do Castanhão, o que daria para abastecer uma cidade de 600 mil habitantes, ou seja, três vezes a população de Maracanaú. E o nível do maior açude do estado é alarmante, não chega a 5%.
Em entrevista concedida à imprensa, há duas semanas, o governador Camilo Santana afirmou que o estado cobra na Justiça o pagamento de uma taxa extra às empresas pelo uso da água.
O encargo é cobrado pela companhia de gestão e recursos hídricos, desde outubro do ano passaado. As empresas que controlam as usinas Pecém I e II ingressaram com uma ação na Justiça do estado contra a taxa.
Veja os detalhes na reportagem de Letícia Lima, da Tribuna Band News FM:
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